quinta-feira, 30 de outubro de 2008

confissão para, porventura, a compreensão

a princípio te afirmo,
te adoro e te rimo
aqui nesses tortos versos
o te adorar é singelo


te adoro, sim,
mesmo com teu não falar
(quase frequente abstinência de palavras e expressões)
adoro teu jeito simples de me olhar


te adoro o carinho
que tens, forte, a me abraçar
me faz sentir o sentimento
de um dia aprender-te amar


te adoro a pureza
tua pureza me faz ninar
dentro de ti, sutileza,
de pureza ao acordar


te adoro a beleza,
beleza sim, por que não a falar
se desta és princesa,
beleza do meu adorar


te adoro mil coisas
à algumas cabe a alma explicar
seria perfeito, troppo belo
não fosse minha idiotice minguar


é que te adoro como extensão do meu confuso
e não mereces minha vil futilidade
és menininha, doce, delicada
mereces todo o ouro de uma cidade


te digo, nem sempre a vontade é razão do ser
(se minha vontade não te ferisses,
sabes o que iria fazer)


pois engraçados são os caminhos da vida
em você me vi
me senti
me adorei

...

mas hoje em dia a vida me traz
a minha escolha voraz!
preferi adorar-te em sigilo
para assim deixar-te em paz


Rdrigo da C. Lima Bruni

desabafo inscrito

doce lágrima
presa no meu peito
que de ternura absoluta,
mascara o grito da alma


amarga lágrima no meu rosto
à escorrer
serias muito mais bela,
se por felicidade,
viesse o fazer


lágrima sofrida
por tanto eu a reter
agora se vê desinibida
para meu rosto percorrer


grito da alma
desabafo do meu sentir
gozas tua liberdade
pois nem tão cedo
irás sair.


Rodrigo da C. Lima Bruni

A falta

ah, como me faz falta um bem querer...


como me faz falta uma mão a qual segurar,
um corpo a qual desejar,
uma alma à minha complementar


como me faz falta!
se sentir em comunhão com Deus,
sem hóstia ou confissão
comunhão de alma, verdadeira
comunhão perfeita, então


como me falta a vida


Rodrigo da C. Lima Bruni

domingo, 19 de outubro de 2008

oração da inspiração

sim, a detenho
tão fugaz e intuitiva

ai, alegrai-me nos momentos vis,
vãos.
abraçai cada sopro de mim
e embalsamai todo meu ser
tornai-me obra de arte, ora matéria-prima
tornai-me despedaçado a conter
cada verso, cada linha
e, a cada nova idéia...
faz-me renascer.


Rodrigo da C. Lima Bruni

estranha inspiração

é estranho
mal comecei e já sinto-a esvair por entre os dedos
seria eu injusto para portar tua infinitude?
de palavras, de pessoas,
de cadências
de virtudes.

seria eu, impróprio, impuro
a escrever-te, ó inspiração,
talvez com meneios lindos
talvez com palavras rudes?


Rodrigo da C. Lima Bruni

à poesia

à poesia atribuo minha alma
gotas de suor,
lágrimas de rancor
cada sentimento pressentido
pré-sentir o falso amor.


à poesia atribuo meu confuso
confusa infusão
de contundida impressão:
mundo, personifica ilusão


á poesia atribuo meu quase não querer
não querer sentir
não querer ver
preferir ressentir
preferir escrever


á poesia atribuo minha auto-inspiração
desnecessária de buscar
obrigatória a sentir
se me fugires, alguma vez
fatigado irei dormir.



Rodrigo da C. Lima Bruni

terça-feira, 14 de outubro de 2008

desimportância

sou criatura desimportante
tudo é desimportante
exceto a arte
e os verdadeiros amigos, irmãos

fora isso, tudo é inútil, fútil
amor, amores
vida, dores
tudo segue essa cadência pra lugar nenhum
tudo é desimportante

eu sou , mas meu eu
esse jamais será
porque és, de fato extensão e parte
do que me constata ser arte

por isso escrevo meu ser
por que meu corpo, ferramenta de ter prazer,
satisfazer
para não mais querer;
esse vai embora

mas meu eu, ser artístico
rimado em verso, prosa
ritmado em som
permanecerá, traidor
do meu corpo sofredor.

e ao final permanecerá o meu ser
em detrimento do meu corpo, fútil,
tosco.
a esta ferramenta de prazer
afinal restará, senão
apenas o perecer.


Rodrigo da C. Lima Bruni

swing descompassado

brinco com as palavras
gingo com as melodias
e de ambas me distraio
ao olhar, de soslaio,
o amanhecer amarelo.


vivo no compasso
desordenado da vida
que em bonitas melodias, talvez
mascare meu eu.


ou talvez seja somente eu
que a invente
para de mim escapar
a cada dia dessa vida
ah, que vontade de a matar.


Rodrigo da C. Lima Bruni

à noite

noite, que cega os corações dos infames que a encaram
amedronta os olhos dos fracos que a temem
e libera suas feras famintas de dinheiro.



noite, que ilumina a escuridão ofuscante,
estimula fantasias delirantes,
e nos faz seres pensantes.



noite, que amanhece nesses versos claros
e escurece nesses pensamentos raros.


Rodrigo da C. Lima Bruni

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

inspiração

ah, tão sublime aparição
da inspiração que em mim bate
mesmo que sejas, todavia,
tarde, ainda arde.

ainda arde seu súbito
seu ardor me percorre
me agita (e incansavelmente)
me suplica:

escreve-me, como a quem pinta uma bela dama.
e eu respondo-a:
escrevo-te como se por risco de vida.
E por risco de vida, vivo a procurá-la

em cada suspiro de poluição
em cada calçada que caminho
em cada batida do coração
em cada palha de um ninho
vivo a procurá-la

e me foges, travessa que és.

apareces quando bem queres
e de imediato (e tu sabes)
encontras um ser que te esperes.


Rodrigo da C. Lima Bruni

falso amor

respondes à mim,
falso amor

responder onde andas tu
que de mim, se faz ausente
se fez ausente.
Até em mente.

respondes o que há de errado com a sua paixão
ou o seu "pra sempre"
respondes porque somes de repente

respondes porque me arrastas
me gastas
e me joga de lado
usufruído, usurpado.

respondes porque és tão omisso e mal.
talvez, que ironia!
tenha provado seu próprio mal?
(algum dia)

respondes à mim,
amor.


Rodrigo da Costa L. Bruni

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

pseudo-romantismo

que resta ao falso romântico
senão rimar seu próprio não-amar?
não esperando, assim, o amor encontrar
mas talvez o descontar, despejar, desanuviar

o transpondo em folhas, rimas, estrofes
fazendo assim, com que outros saibam
quão vasto é seu pesar;
pesar de viver a vida
com tão pouco amar

mas espero que à ti, leitor e confidente
esse mal não venha à calhar
que se for para, não escrever e à vida amar
que assim seja!
assim será.


Rodrigo da C. Lima Bruni

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

confusão rotineira

A confusão da minha comodidade
em relação à minha auto-confusão
é inerente ao meu desânimo pelo ânimo de ser vivente
porém aos fatigados seres enclausurados dentro de sua sina penitente
afirmo e rimo
que nada se compara à dor de se viver e ser descrente
da vida que se vive lá fora,
na confusão de ser/estar diariamente
nas ruas e curvaturas
da imensa confusão
no existir, no exitar
no viver diário de nossa gente.


Rodrigo da C. Lima Bruni

cada segundo perdido

Perdoe-me pela vil futilidade
vã promiscuidade
de em outras bocas
procurar um te ter.

Perdoe-me pela mera menção
do não à minha razão
de em outros corpos
procurar teu prazer.

Perdoe-me pelo simples exercer
dos meus olhos, ao crer;
egoístas, simplórios, mordazes
que à minha vida ainda restam tuas pazes

Perdoe-me pelo tudo que te ausentei
,pelo nada que te proporcionei
e diante do nada te digo:
lamento tua dor diante de cada segundo de amor perdido.


Rodrigo da C. Lima Bruni