quarta-feira, 15 de julho de 2009

desejos(o)

não amor, chega
por favor chega
chegue-se mais pra perto
pode vir sem tremor nem temor
não tema, tenha
pode vir
coloque sua mão sobre meu peito
o tanto pra se dizer chega
abrace-me com os olhos, sem chegar
ou com os próprios braços, se chegar
só não me chego mais pelo aconchego
pelo cheiro de monótono
pêlos cheios de monótonos
pinto cores neutras, quase sem cores
mas peço-lhe que venha colorida
para me fazer mais ácido, mais básico, o que for
mas que faça-me colorido ao invés de pálido
e faça o que quiser com as nuances
as use como brinquedo de plástico
plastifique-me à tua carne para que sinta tua transpiração
deduza-me prazeres para contradizer-te à mal gos(t)o ou não
introduza-me a vida molhada em revés para que te faça a mesma, ou sim
sim, de forma torta, sem forma, sem fôrma, sem nem ser ou servir
mas chegue
à menos que não queiras;
se caso for, cheque
se ao caso for, ame
se à casa for, não procure
estará por vielas sem rumo pra rumar, a minha presença
a menos que seja tua própria toca
tua touca de mulher coloque
sem medo nem enredo ame
se ao caso for, claro
ou se escuro for, caso
matrimonio-me à ti
feromônio-me, tão doce
ai de mim amargo e duro
mas o faço pelo simples desejo do vale
da água límpida que só lá escorre
me valho de acaso e me corro de precipitação
corre-me a vontade, deixa-te à vontade
querida, pelas montanhas, pelas planícies
tudo na estrada do teu corpo ao teu peito
ao teu bico, teu pico, selvagem, arisco
mas cheque
seja mate ou sem fundo
se não quiser, chega.




até porque não se conjuga apenas esse verbo na vida.


Rodrigo da C. Lima Bruni