já não sei o que me ocorre
papel e lápis me são traidores
coração nem é amores
e a razão nem é nada
e tudo é tão todo
que já não sei o que me ocorre
eu sou um de um
não poderia me saber como o todo
nem poderia saber-me
como um de cem
logo que sem
é ausência
e como me poderia saber não estando aqui
as rimas já nem sei mais
às rimas atribuo as curvas
as nuances
de uma estrada pedregosa e inexorável
de cabelos seios e desejo
mas não as sei
apenas as dirijo
seguindo alguns seguidores
ladeira libidinosamente íngreme (quase reta, de tão)
as poesias já me são fugazes
não sou mais são
mas elas são!
só não se entende a lógica delas
que é delas
só delas
por isso não se entende
por melhor, pois entender é tão monótono
também me sou
porquanto tal que me enjoo
e, porventura, caço outro de mim
em outro de mim
mais à isso não entendo
tampouco almejaria eu;
fadar a compreensão ao ser humano
é como traçar-lhe a morte.
a incógnita inóspita da vida
é tão mais vida quando a vivemos por sentida
ao invés de compreendida.
Minha razão me guia pelos seus caminhos
seus, não meus
minha razão é minha, deveras
mas minha razão não sou eu
e se á isso um pouco entender
é sinal de que merece ser ovacionado, leitor
logo que, esteja à frente de mim
mas não da minha auto-consciência
tenho plena consciência
de que não entendo nada
escrito até o momento
e à partir de agora me sei do que digo
o amor...
mencionei-o pois todo romântico o deve
e o deixei por último
pois dele, sobre ele e para ele
não me renderia nem ao menos
um mísero parágrafo amoroso.
Rodrigo da C. Lima Bruni
quinta-feira, 5 de março de 2009
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