quinta-feira, 11 de junho de 2009

sede

amar não é como beber água, por capricho
há de se ter sede
os lábios secos
a mente, o corpo, o coração
a alma seca



há de se ter tamanha secura
afinal seria inútil seu capricho
caso fosse somente capricho
a escorrer, tolo,
por entre os dedos
diante dos olhos
mediante aos lábios



não, amar não é como beber água
amor não é embebido no amor
as vezes se encharca no ódio
se encumece de rancoroso,tamanho rancoroso amor,
que sofre por não ser mais amor
divino, límpido e puro
água cristalina
rio brando.



porém desagua no mar, esse amor
e o sal é triste e medíocre
deixando salgado, doce amor,
esse doce que é amar.



amor pode até ser água
que escorre diante das línguas
e que se amacia e personifica no tocar dos lábios
tomando forma de amor nosso
amor nosso! rancor humano



mas também pode ser água-viva
suficientemente auto-necessária de si mesma
que vaga nos oceanos
em busca sabe de quê.



não, amor não é só um
é tudo e são todos
é viver o dia de hoje
como o de amanhã
e o de amanhã como o último
sendo, o último, eterno
doloroso e eterno
amedrontador e eterno
finito e terno.



e se , salgado ficar
adocicai-o com algumas palavras doces
e se, ódio se tornar
amai-o com doçura de poucas palavras
e se, vazio se tornar
deixai-o desaguar no mar
pois foi eterno enquanto terno
e terno será enquanto assim o tiver
enquanto o amar



na sua trágica, dolorosa e póstuma morte rotineira
desse eterno amor nosso
que não é exatamente amor
nem exatamente nosso
e sabe lá Deus o que é
e saiba talvez o diabo de quem é.


Rodrigo da C. Lima Bruni

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