segunda-feira, 23 de novembro de 2009

derivando amor (quando tende ao infinito)

o interminável invólucro envolvente do beijo de um segundo
quê seria dele sem o sentimento
sem o consentimento do tempo, por ele passar desapercebido;
muito tenho sabido sobre a sabedoria da salada de línguas
de fato tenho mais lambido o amor do que o amado, propriamente dito
é que se tendo algo interminável e envolvente
não se enche os olhos por algo finito e maçante, rotineiro e irritante
é que se tendo trem pra descarrilhar
o mesmo é muito mais emocionante do que no trilho galgar o rumo
sei lá, falta-me oxigênio demais
logo, penso com eloquência, figuras falsas
de falsa sapiência
tudo porque beijo um beijo interminável e inviolável de uns quinze minutos
e o beijo me beija outro beijo de mesma intensidade e sentido oposto
por eletrização, me arrepio à física das bocas em contato,
fluindo-se libidos
transfusando-se bactérias
transmutando-se da carne coração
do coração a adrenalina
da adrenalina a taquicardia
da taquicardia verbo, impulso nervoso:
amo, verbo beijar na primeira pessoa do elétrico infinito infinitivo particular presente
e por consequência beijo dois lábios molhados, que me beijam beijos molhados
me perco entre os quais se dividem em bocas
que me molham beijos nervosos
milhões de bocas de um lábio
trinta minutos...
trinta e cinco...
quarenta...
quarenta e cinco...




a interminável boca me envolve num invólucro envolvente de um segundo onipotente
pois da partilha de enésimos minutos
esse um segundo fracionado
me beijaria por toda minha vida
toda minha vida invólucra envolvida por um interminável beijo de um segundo



Rodrigo da C. Lima Bruni

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