segunda-feira, 8 de março de 2010

onde existem as coisas

onde existe solidão não existe espaço para amar
onde existe tristeza e mágoa não há resquício de gota d'água
tudo ressecado, erodido
alusivo a velhos bordões de "pra sempre sempre acaba"
iludido por carinhosas menções de suprema importância
onde há isso tudo também há distância
discrepância entre o que se foi passado e o que se é presente
que não segue a linha de significação da palavra, propriamente dita;



onde existe a solidão e a falta de amor
o presente é um infortúnio
um peso nas costas, seguido de murmúrio
um prego nas mãos, como uma cruz eterna na qual se é afixado
um preso dentro de uma cadeia de segurança máxima
e as cadeias de fatos fazem tudo ficar pior
onde a máxima segurança não serve de nada
se me seguro, fico preso num balanço
indo e voltando nas minhas recordações
preferia que o presente fosse um eterno passado
bem melhor, bem mais carinhoso
a rememoração tem essa coisa de bipolar
uma de suas facetas é risonha, carinhosa
a outra é triste, só
e só quem não vê isso é quem por fora está




onde existem as coisas palpáveis
os sentimentos positivos, altruístas e incentivadores
onde existem as namoradas, te amo e amores
onde têm-se sonhos, paz e prazer
companheirismo, compreensão
compressão de coisas negativas
compactação de tristezas
compaixão por fraquezas
é justamente onde não estou




onde existe vida
a vida às vezes também desiste



Rodrigo da C. Lima Bruni

Um comentário:

Unknown disse...

É admirável como você consegue passar bem as emoções e sentimentos e ainda assim mexer com as nossas proprias emoções e sentimentos, nos trazendo para a reflexão junto com o poema! tipo, meu cérrebro e meu corpo realmente acompanham sua poesia! O_O'