segunda-feira, 6 de outubro de 2008

inspiração

ah, tão sublime aparição
da inspiração que em mim bate
mesmo que sejas, todavia,
tarde, ainda arde.

ainda arde seu súbito
seu ardor me percorre
me agita (e incansavelmente)
me suplica:

escreve-me, como a quem pinta uma bela dama.
e eu respondo-a:
escrevo-te como se por risco de vida.
E por risco de vida, vivo a procurá-la

em cada suspiro de poluição
em cada calçada que caminho
em cada batida do coração
em cada palha de um ninho
vivo a procurá-la

e me foges, travessa que és.

apareces quando bem queres
e de imediato (e tu sabes)
encontras um ser que te esperes.


Rodrigo da C. Lima Bruni

falso amor

respondes à mim,
falso amor

responder onde andas tu
que de mim, se faz ausente
se fez ausente.
Até em mente.

respondes o que há de errado com a sua paixão
ou o seu "pra sempre"
respondes porque somes de repente

respondes porque me arrastas
me gastas
e me joga de lado
usufruído, usurpado.

respondes porque és tão omisso e mal.
talvez, que ironia!
tenha provado seu próprio mal?
(algum dia)

respondes à mim,
amor.


Rodrigo da Costa L. Bruni

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

pseudo-romantismo

que resta ao falso romântico
senão rimar seu próprio não-amar?
não esperando, assim, o amor encontrar
mas talvez o descontar, despejar, desanuviar

o transpondo em folhas, rimas, estrofes
fazendo assim, com que outros saibam
quão vasto é seu pesar;
pesar de viver a vida
com tão pouco amar

mas espero que à ti, leitor e confidente
esse mal não venha à calhar
que se for para, não escrever e à vida amar
que assim seja!
assim será.


Rodrigo da C. Lima Bruni

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

confusão rotineira

A confusão da minha comodidade
em relação à minha auto-confusão
é inerente ao meu desânimo pelo ânimo de ser vivente
porém aos fatigados seres enclausurados dentro de sua sina penitente
afirmo e rimo
que nada se compara à dor de se viver e ser descrente
da vida que se vive lá fora,
na confusão de ser/estar diariamente
nas ruas e curvaturas
da imensa confusão
no existir, no exitar
no viver diário de nossa gente.


Rodrigo da C. Lima Bruni

cada segundo perdido

Perdoe-me pela vil futilidade
vã promiscuidade
de em outras bocas
procurar um te ter.

Perdoe-me pela mera menção
do não à minha razão
de em outros corpos
procurar teu prazer.

Perdoe-me pelo simples exercer
dos meus olhos, ao crer;
egoístas, simplórios, mordazes
que à minha vida ainda restam tuas pazes

Perdoe-me pelo tudo que te ausentei
,pelo nada que te proporcionei
e diante do nada te digo:
lamento tua dor diante de cada segundo de amor perdido.


Rodrigo da C. Lima Bruni