o silêncio é muito mais gostoso
quando apreciado sem pressa
sem pretensão
e cada gota que transborda seu prazer
é prazer aos ouvidos de quem o toca
de quem lhe exerce o tato com a alma
me lembra a beleza do canto dos passarinhos
tal encanto o meu!
tal que meu canto seria ribombante
acima do silencioso tom audível dos mortais
seria inaudivelmente imortal
esse silêncio dito canto
e cá no meu canto
o romper seria me prorromper em trombetas
em sopros de pesar
sopros inaudíveis de tão introspectivos
porém meu silêncio, que minha algazarra habita
teria seu silencioso coração cortado de dor e angústia
caso ocorresse.
e lhe ocorreria
a tentação do costumeiro suicídio
que me fadaria a algazarra extrospectiva
a algazarra mundana
a algazarra imortal
silêncios são orgulhosamente sentimentais
e quando nos fazemos à menção de abandono
se suicidam
pelo mais belo amor à sua integridade silenciosa
póstuma tragédia esta
na qual me queixo do meu silêncio
que já se alimentou de mim
e aqui me alimento dele
silencioso, terreno e mundano
o digiro à largas garfadas
o dirijo pelo meu corpo
esse silêncio intra-venoso
essa coisa que vai ser sempre minha
e minha será a morte
sempre que acordar para a algazarra
serei eu, o morto
que me farei ele
para este nunca mais se dissipar
e ser, assim, eterno
e à isso não encontro um fim
aqui escrito
porém, inscrito e proscrito, já sabeis...
(silêncio)
Rodrigo da C. Lima Bruni
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
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