quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

ilusória.

sou prostituto
desde que me entendo por mim



já passei por vários corpos
já me deixei seduzir pelo mais perfeito sexo
ainda que resida uma ambiguidade à isso.



me (bem)digo profissional da ilusão
e afirmo me satisfazer com pouco mais de umas fiéis esperanças como pagamento
firmo satisfazer á todos.



aos enfermos
aos doentes de alma
e ás almas enfermas por doentes de si



já escorri pela sarjeta
me embriaguei o suficiente pra me achar bom
e achei bom a ironia que à tudo isso se mostrou franca



Que poderia almejar?
tão somente profissional
porquanto tal
que o próprio gozo que me detém
é o mesmo pelo qual me abstenho



e abro mão sem nenhum pesar
abro minhas mãos á quem quiser
somente não me abro
pois abrir-me o total sentido
seria encerrá-los em plena desgraça



e se algum sentido á alguém se mostrar
será sentido e compreendido como eu o deveria
com o coração,
por onde mais vago, sem razão
e que posso fazer
se sou, tão somente
um velho, usurpado
condenado
e foragido prostituto.


Rodrigo da C. Lima Bruni

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