quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

helicoidal

síndrome do amor cíclico
severo, servil
senil um momento
outra hora escarlate
pulsando verbos
emoções,
sacras secreções
fruto da carne semeada com amor.




sim, sou cego de amor
as vezes lego desmontado
quando dou por mim sou um babaca untado
de lágrimas no rosto
coração mole, frouxo
e quando me reparo , de novo apertado
quando na verdade reparo meu coração
tiro-o do peito
coloco-lhe à mão
este me pulsa fraco, sem motivo pra pulsar
fica avulso, escapado
sem sistema cardiovascular
não o biológico
o extra corpóreo, e é lógico,
que legista algum iria prognosticar
a razão de sua provável morte




que não ocorre
corre-me de novo, pelas veias, amor líquido
adrenalina de carinho
fico todo doido
empapuçado de sentimento,
quase bêbedo
parece-me agirem lêvedos,
fermentando minha massa de pão
fico todo doído
dolorido por meu coração não caber no meu peito
passo gelol, nebacetim, sem nenhum efeito
nenhuma penicilina agiria em minha bactéria
meu problema não é tosse, febre ou diarreia
é amor cíclico
até em espiral, as vezes
meu problema-solução
que soluciona-se colocando a mão
em cada fio de cabelo
cada cravo, cada parte
se fazendo arte ao seu espectador
um quadro de da Vinci
vinte vezes mais perfeito
cada pele,cada pêlo
parece-me tão perfeito
que defeito algum se ministra em tal enfermo
nenhuma contra-indicação para o meu coração
nenhum risco, nenhuma lesão
só a síndrome do amor cíclico
nascido de solidão
transmutado em paixão




meu motivo assim ocorre
amar e deixar de amar
por mínimos segundos
mal motivo é o que dá e morre
mas esse não
esse me rege a vida
meu motivo de cabelo vermelho
vermelho ainda que um loiro encaracolado
sorriso cheio
coração farto
de minha recíproca circular sintomática
e a sistemática da coisa é tal
que meu motivo até quando se faz chato
continuo achando-o genial




Rodrigo da C. Lima Bruni

Nenhum comentário: