quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

não há mais nada

não há mais paixão
pela mera posição truculenta de dois astros
minha estrela maior se foi
meu sol se apagou
cessaram-se os milhões de fenômenos radiotivos de sua superfície
fiquei no frio, escuro, silencioso e áspero vazio
e o pior de tudo:
sozinho



e o pior tem todo um toque de sutileza comigo
as vezes nem se pronuncia
fica quietinho, no seu canto
me encantando com a sua ausência
mas então é um mero vislumbre surgir
que já me apeteço todo
já me sinto todo cinza
restos do que um dia foi fogo
e a sutileza tem todo um toque da fragrância natural dela
meu natural, portanto, permanece caduco
carrancudo
emburrado




queria permanecer encaracolado
todo encaracolado com ela
ao ponto de ser um só



queria retroceder ao passado
ter cortado certos laços antes biônicos
ter tomado biotônico
ter sido homem de verdade



mas como não posso viajar no tempo
fico aqui, agora
e não há mais nada
e não há mais vida como outrora.



Rodrigo da C. Lima Bruni

Um comentário:

Unknown disse...

Essa poesia é tão a minha cara! Não que eu queria me equiparar a profundidade de sentimentos que estão contidos no seu texto, longe de mim... nao sei se os possuo, provavelmente nao, mas de certa forma essa poesia retrata um pouco de mim e do que acontece comigo, mesmo que nao com toda a sua literária majestade ;P