quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

paradoxo carioca

o Cristo redentor deve ser a peça mais contraditória do mundo
ou ao menos deveria ser




os braços tão abertos
os olhos tão igualmente fechados
incapazes de enxergar o inferno à seus pés




-não, obrigado, hoje não vou subir o pão-de-açúcar nem o corcovado
hoje vou subir a mangueira, a roçinha
subir até não aguentar mais
os ouvidos estourarem e as narinas sangrarem
pra daí então tentar falar com Deus
isto é, se não o falar pessoalmente primeiro, no caminho para casa
vítima de uma bala perdida, coisa comum
como o Carnaval, futebol e pancadaria (não necessariamente nesta ordem)
uma vida perdida não é nada afinal
logo que, ao final, tudo vira pó mesmo
os viciados se satisfazem,
os traficantes lucram
tudo na mais perfeita harmonia
"tudo errado mas, tudo bem
tudo quase sempre como eu sempre quis..."





estamos todos vermelhos
vermelhos como o amor carioca



Rodrigo da C. Lima Bruni

Um comentário:

Unknown disse...

adoro o modo como voce consegue relatar as coisas, fazer denuncias e demosntrar revolta tão artisticamente, tao brilhantemente!
vc vai ser o melhor físico que eu já vi *_* com certeza!