quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

a beleza, o singelo e o amor

amor tão belo amor
que por tão belo, desconheço
amor falado amor
por tão falado me apeteço



o querer acima do querer
que por tanto desanuvia-se
e de tanto desanuviar
desaparece por cada linha



de amor escrito e inscrito
de amor rimado em poesia
de amor sincero, amor gostoso
amor que tanto me almejaria



porém, meu amor tão belo
belo és em cada linha
amor desconhecido de tão singelo
desgraço este amor (que meu amor tinha)


Rodrigo da C. Lima Bruni

alma inquieta

irrequieta-se perante o nada
é um gosto bom
demais até para gostar-se



é uma rotina
tão docemente aleatória
que se torna aleatória, perante si



soa como música
aos ouvidos de quem não a quer ouvir.
O cego a olha nos olhos
e o amante a ama a cada procura por um novo amor



é fracionada nos momentos
e a cada fração de momentos
fraciona-se em um enésimo de sua inquietação
despedeça-se perante à recusa de seu estado



negá-la é viver extracomungado de si
é cheirar uma flor
e sentir o cheiro acre do vazio



como amar
e gozar da carne , tão somente
como beijar sem ser beijado



esta é como o amor que surge
ao qual, nos resta apenas amar
e quando este se vai
ela mesma nos incentiva a outro



negá-la é abduzir de nós mesmo
a beleza desta
que é linda
enquanto a temos como



deve-se aquietar perante sua inquietança
e deixar-la conduzir por aí
por estradas de outras almas inquietas
e que da interação destas se faça a perfeita interação!



Rodrigo da C. Lima Bruni

domingo, 4 de janeiro de 2009

os braços a volta e você

meu braços estão a sua volta
e você ainda me volta
lembrando o que sou pra você



minha volta nem sempre é uma volta
as vezes ela se solta
e se perde do sentido da palavra
adquirindo no meu sentido o lazer



às vezes você se solta,
e me revolta,
em beijos-discussões rápidos como um incêndio
que brota
duma fagulha em uma folha
simples e absorta



às vezes se entorta
em convulsão ora de raiva
ora tesão
e nos expurga
qualquer ínfimo motivo de discussão



às vezes se importa
demais com as importância que se fazem em vão
às vezes você se encontra
no meu perdido sentido de razão



às vezes você é demais você
às vezes demasiadamente eu
às vezes me perco em você
como você se perde no breu.



às vezes,
somente às vezes.


Rodrigo da C. Lima Bruni

últimos minutos

assim me vejo nos últimos minutos:
tão cheio de pessoas
tão vazio de mim
tão completo meu corpo
tão incompleto o fim



e lágrimas rolarão sobre meu peito
não minhas, já estarei seco de amor
lágrimas dos presentes, tão ausentes
vagos, presos no interior



dos seus sonhos e esperanças
ricas de inocência e pudor
esperanças de vida extra corpórea
vãs, ao se concluírem: imensa dor



e flores descansarão ao meu repouso
flores descansarão enquanto eu durmo
pessoas chorarão, e chorarão
e morrerei assim, separado e junto



de mim, por mim e em mim
amém.


Rodrigo da C. Lima Bruni

quietude de aceitação

ó, como queria te deter
me manipular o sentimento enviesado
e me fazer redoma de ti


como queria a dor em seu peito
a finitude do adeus por mim dado
e minha sombra de solidão: seu afago


o que me assombra
é me sentir fora de ti
mesmo estando em comunhão, minha Deusa


o que me entristece
é ver teu ódio sólido e irrefutável
crescer dentro e fora de ti


o que me deprime
é saber que suas carícias já não suficientes
tamanha essa lepra de mim!


...


Deusa de marfim
seu fiel não lhe é mais fiel
confessado isso, aceito todo seu ódio de bom grado


e essa desgraça é só minha
e de mais ninguém.


Rodrigo da C. Lima Bruni