segunda-feira, 3 de novembro de 2008

antagonia

o amar, o amor
o ódio, o rancor
sentimentos quase irmãos,
gêmeos
não fosse pelo limiar
persistente entre eles



o limiar entre o ódio e o amor
um simples ato, falho ou convicto
pode, ao ódio, transformar o amor
e gerar desgaste, rancor...
mas espere!
quem ama não agoniza, também ao rancor?



que diferença se faria presente, então,
entre esses dois opostos?
o estupor do amor
o dilacerar do ódio
a angústia do rancor...
nenhuma diferença há de ter



ao menos, não às pessoas realistas
insensíveis
racionais
e indiscutivelmente certas...
ódio e amor são, de fato
irmãos



andam de mãos dadas o tempo todo
e um se faz presente para ser lembrado o outro
pois são irmãos, querem bem uns aos outros
e somente os racionais,
os pseudo-frios
os não-sentimentais os descobrem assim



o que há são ápices
nos quais um sobrepõe-se
ocultando o outro
puro egoísmo
egocentrismo
uma pena que se aplique até á irmãos



amor e ódio
são como noite e dia
caso não houvesse esse paradoxo
paradigma de antítese,
tudo seria ódio
tudo seria amor



ou tudo seria tudo
frio, onipotente
auto-suficiente
e vazio...
como o peito de quem, assim,
os escreve


Rodrigo da C. Lima Bruni

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